MINHA UTOPIA

Quem me dera escrever em algumas linhas,
Aquilo que fizesse minha alma estremecer.
Ditar uma nova concordância mesmo que mesquinha,
E o resultado todos pudessem tocar e conhecer…

Compor um poema em formato de ode,
Onde o arranjo se compusesse em tom celestial.
Com uma simples leitura matasse a fome do pobre,
E o tirano ao ler se arrependeria e trataria bem seu igual.

Com a força deste poema desafiar a divina escritura,
Opor-se-ia com veemência àquilo que está estabelecido.
Daria um toque divino a qualquer criatura,
Mesmo aquele que já sem razão fora esquecido.

Escreveria frases com sentido e sem sentido também,
Desenharia pela grafia a ternura e a compaixão.
Tentaria desvendar o significado oculto que a vida tem,
Nunca me esquecendo do vasto mar da desilusão.

Palavras jogadas sem a mínima preocupação,
Sortilégios, devaneios e acasos premeditados,
Fazendo sorrir aquele que jaz jogado na solidão,
Deixando de lado o ódio e aquilo que fora antes ditado…

Registraria sem palavras aquilo que quero dizer,
Sem palavra alguma, qualquer um poderá sentir…
Na falta de palavras qualquer um poderá ler,
Aquilo que mesmo não experimentando sempre o quis.

Mas percebo que seriam apenas palavras…
E o verbo no tempo se perde e se esvai.
Como o discurso de quem em vão esperava,
Como a velha utopia que engana e que trai.

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